14/12/2007 16:56:39
Família de bispo descarta intervir em greve de fome
A família do bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, 61, descartou ontem, em Sobradinho (540 km de Salvador), a possibilidade de interferir pelo fim da greve de fome do religioso contra a transposição das águas do rio São Francisco. O bispo completa na manhã de hoje 17 dias de jejum.
"Se nossa mãe estivesse viva, ela seria a primeira a pegá-lo no colo e deixá-lo morrer", afirmou o irmão de d. Luiz, o comerciante aposentado João Franco Cappio, 71. "Quem somos nós para pedir que ele pare?", perguntou. "Ao contrário, o incentivamos a ir até o fim dos seus propósitos", disse.
Segundo João, o papel da família no caso é apoiar o bispo. "Se ele precisar descansar o dia inteiro, vai descansar. Se precisar de uma cadeira de rodas, arranjaremos. E se precisarmos transportá-lo em um caixão até a cidade de Barra, onde ele quer ser enterrado, nós o levaremos, porque esse é o seu desejo, e não tem ninguém no mundo que vá dissuadi-lo."
Se a obra for mantida, o irmão de d. Luiz disse acreditar que apenas o papa Bento 16 poderá determinar o fim do jejum. "Mas o papa não fará isso, porque respeita as decisões de um bispo da Igreja Católica Apostólica Romana."
O Vaticano já vem acompanhando o caso, segundo disse ontem o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). O congressista visitou d. Luiz e lhe disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou anteontem para o Estado-sede da Igreja Católica. O senador não revelou o teor da suposta conversa.
"O Vaticano e a CNBB [Confederação Nacional dos Bispos do Brasil] estão em um esforço de diálogo com o governo", afirmou. "Tanto é que d. Luiz e eu consideramos muito bem formulada a carta que a direção da CNBB divulgou sobre o encontro com o presidente", disse.
O bispo reafirmou que manterá o jejum. Nos últimos dias, ele reduziu o tempo de convívio com visitantes e aumentou os períodos de descanso. Diz que sente fraqueza, "cabeça pesada" e "vontade de sentar, deitar e dormir". Continua lúcido e corado, mas demonstra impaciência.
A família do bispo afirma que, se necessário, passará as festas de fim de ano com o religioso, em vigília com romeiros acampados no local.
"Lula está desejando um feliz Natal a todo o povo brasileiro. Nós vamos ter um feliz Natal, junto com nosso irmão. Só espero que Lula, no Natal, no Ano Novo e pelo resto da sua vida, não tenha que levar na sua consciência a culpa pela morte de um bispo da Igreja Católica", disse o irmão de d. Luiz.
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