quinta-feira, 24 de junho de 2010

São João Ecológico


As festas de São João deixam docíssimas lembranças e representa para mim a melhor festa do ano. Seja pelas delícias da culinária ou pelas belíssimas rimas e motes do xote, baião e forro. Porém uma preocupação também me marca nesta época: os impactos que as fogueiras causam ao meio ambiente.
As fogueiras têm origem europeia e eram utilizadas pelos pagãos para celebrar a chegada do solstício de verão. A Igreja católica aculturou esta tradição fazendo uma releitura a partir da passagem bíblica em que as primas, Maria e Isabel, fizeram um trato para esta acendeu uma fogueira sobre o monte para avisar a Maria sobre o nascimento de São João Batista e assim ter seu auxílio após o parto.
Daí em diante a prática das fogueiras virou tradição incentivada pela Igreja Católica e fortemente prática no nordeste brasileiro.
Hoje com o calor das discussões sobre a preservação do meio ambiente as fogueiras precisam ser repensadas. Pois os impactos apesar pouco pesquisados são visivelmente relevantes à natureza. Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) revela que para cada fogueira queimada seria necessário o replantio de três árvores por ano.
Além de contribuir com o desmatamento da tão sofrida mata atlântica nordestina também impacta, consideravelmente, nos mangues das regiões metropolitanas das capitais do nordeste. Pois é de lá que vem a maioria das lenhas que encontramos enfileiradas para a venda nas calçadas das avenidas destas cidades. Não distantes estão as emissões de gases poluentes que contribui, no mínimo, com o aumento do efeito estufa e agudamente ameaça a saúde das pessoas. Já que a celeuma sobre a veracidade do aquecimento global é grande o deixaremos de lado.
Vejo neste cenário um exemplo de modelo cultural que precisa ser retrabalhado direcionando-o para uma realidade ecológica bem mais coerente com os dias atuais. Assim a Igreja tem mais uma grande oportunidade de rever o discurso e ecologizar esta tradição. Para começar poderia incentivar apenas fogueiras coletivas promovendo a união, a harmonia e a interação das pessoas de uma rua. Assim reduzindo o número de fogueira. As prefeituras dos grandes pólos das festas juninas como Caruaru e Campina Grande deveriam seguir o proposto por Robson Fernando em seu blog: “abandonando o costume em prol de um São João ecologicamente correto e ensinando às pessoas que a fogueira é um estorvo ambiental que não faz falta para os festejos”.

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